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Conheci uma ginecologista,
Repleta de potencial.
Obrigada a dar-nos aulas,
Apesar de as mal.
A afável professora,
É a melhor na sua profissão.
Principalmente quando falta,
Ou quando pede substituição.
Ainda mal diz bom dia,
E já se está a queixar.
Pudera, tamanha é a magia,
De ver vulvas logo de manhã.
Desengane-se quem pensou,
Que ela só não gosta de ensinar.
Também não gosta de doentes,
Nem de ter que os aturar.
Chega a primeira doente,
Com queixas de corrimento anormal,
Ela olha com desdém e pensa:
"De certeza que vai cheirar mal".
Vai de espéculo, sem piedade:
"Abre as pernas, ó comadre".
A coitada, sem opção,
Esperava simpatia e dedicação.
"Não vejo nada de anormal",
Diz ela, instantaneamente.
Não sem antes evitar,
O gag reflex eminente.
Falta o toque vaginal bi-manual,
Mas está sem luvas de tamanho adequado,
Usa outro com dificuldade e, a quente,
Enfia as unhas de gel na vagina da utente.
"Oh Doutora, está a doer!"
Diz a senhora a gemer.
"Tenha calma, estou a acabar."
Diz quem nem queria começar.
"Olhe, parece que está tudo bem".
E sem vontade de fazer muito mais,
Prescreve comprimidos por precaução e,
Ela que telefone se precisar de outros tais.
A doente sai confusa e pior,
Do que quando lá chegou.
Ela mal a examinou,
E depressa a despachou.
"Porquê que escolheu esta profissão?"
Estáis vocês com certeza a pensar.
Nem ela sabe, foi o que deu,
E entretanto não conseguiu mudar.
Mas nem tudo é mau,
Uma vez que adora ensinar.
Só não adora os alunos,
E parece que os quer matar.
Nas aulas não vê vulvas ressequidas,
Mas vê estudantes de tenra idade.
Que lhe relembram que para nova não caminha,
E que a menopausa já não vai curtinha.
Serão apenas sintomas vasomotores?
Duvido, mas vá-se lá saber,
Se quando as hormonas assentarem,
Ela não nos vai surpreender.
Fico à espera, com esperança,
De a ver num dia melhor.
Até lá jogo o totoloto,
Cuja probabilidade de êxito é maior.
(Mais um poema-sátira nada baseado em eventos reais)